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sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago

O mundo ficou mais cinzento hoje (não consigo fugir do clichê), com a sua morte. Aprendi a amá-lo nas aulas de literatura de Mme Besse. Seus textos, no icio, eram pra mim incompreensão, um obstáculo a transpor. Depois? depois tornou-se só inspiração e prazer. E é com este mesmo prazer que vou continuar lendo, sem me cansar de ler, as linhas desafiadoras e irônicas desse grande escritor contemporâneo.


Deixo com vocês um trecho do discurso proferido por Saramago, por 
ocasião do recebimento do prêmio nobel de literatura em 1998:


"Ao pintar os meus pais e os meus avós com tintas de literatura, transformando-os, de simples pessoas de carne e osso que haviam sido, em personagens novamente e de outro modo construtoras da minha vida, estava, sem o perceber, a traçar o caminho por onde as personagens que viesse a inventar, as outras, as efectivamente literárias, iriam fabricar e trazer-me os materiais e as ferramentas que, finalmente, no bom e no menos bom, no bastante e no insuficiente, no ganho e no perdido, naquilo que é defeito mas também naquilo que é excesso, acabariam por fazer de mim a pessoa em que hoje me reconheço: criador dessas personagens, mas, ao mesmo tempo, criatura delas. Em certo sentido poder-se-á mesmo dizer que, letra a letra, palavra a palavra, página a página, livro a livro, tenho vindo, sucessivamente, a implantar no homem que fui as personagens que criei. Creio que, sem elas, não seria a pessoa que hoje sou, sem elas talvez a minha vida não tivesse logrado ser mais do que um esboço impreciso, uma promessa como tantas outras que de promessa não conseguiram passar, a existência de alguém que talvez pudesse ter sido e afinal não tinha chegado a ser."


José Saramago

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Uma visita à Loire

A região da « Loire » na França é conhecida por seus suntuosos castelos, ricos em história e com uma arquitetura de tirar o fôlego de qualquer um. Fizemos uma visita recentemente, e fiquei impressionada nao só pelos castelos em si mas pela região, tao linda e charmosa, que conserva ainda hoje, « ares » da idade média.
O castelo de Chenonceau foi meu preferido, pois a história que habita dentro daqueles muros passa por diversas gerações, chegando até a ser usado como enfermaria durante a primeira guerra mundial, escapando de raspão de um canhão que atingiu a galeria na mesma época.
Chenonceau é conhecido também como o "castelo das damas", esse nome graças às mulheres que  habitaram e que ajudam a construir sua reputação. Catérine de Medicis e Diane de Poitiers sao duas personagens que marcaram este lugar.
Logo na entrada do castelo já vemos os dois jardins, do lado direito da rainha Cathérine de Médicis e do esquerdo de Diane de Poitiers. Cathérine era a esposa do rei Henri II, mas a sua preferida era Diane de Poitiers, e foi à ela que ele ofereceu Chenonceau. Infelizmente após a morte do rei, Cathérine exige de volta Chenonceaux e oferece em troca à Diane o castelo de Chaumont
Lá dentro temos a impressão de estar caminhando em algum lugar « vivo », cada espaço, cada cômodo lembram as pessoas que fizeram parte destes 400 anos de história. O quarto de Louise de Lorraine por exemplo, é todo negro, simbolizando o luto pela morte do seu marido, o rei Henri III, filho de Cathérine de Médicis.
Em outro cômodo se encontra a foto de Mme Dupin, uma das proprietárias do castelo, que costumava receber convidados ilustres como Voltaire e Rousseau, este inclusive chega a se "apaixonar" por ela. Pra quem leu « Les confessions » de Rousseau sabe que ele chega a expressar até em sua obra a grande admiração que tinha por ela.
Pra quem gosta de história, literatura e cultura e ainda nao cansou de se admirar com a beleza de jardins "à la française" nao pode perder uma visita ao castelo de Chenonceau.

Olha a pub ai minha gente!!! :-)