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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mudança

Gente, se mudança matasse eu ja estava morta!
Volto assim que as coisas melhorarem por aqui...

Bjos

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Eu francesa? Nem tanto...




Uma moeda tem dois lados, tudo na vida sempre tem dois lados, e uma comemoração francesa não é diferente.

Depois de quatro anos compartilhando o cotidiano Francês, passei a gostar de muitos aspectos da cultura deles. Sei, que depois de partir, meu coração será sempre um coração dividido entre dois mundos, que eu aliás considero bem distintos (mas isso falarei em outro post).

Se de um lado virei fã de queijo francês (que antes não agüentava nem sentir o cheiro), passei a venerar o foie gras, contando os minutos para as comemorações de fim de ano para poder colocar um pedacinho sequer na boca, passei também a admirar a forma franca e honesta do Francês, ou seja, com eles não existe melodrama de novela, eles falam na cara o que pensam, sem rodeios. 
Assim, as reuniões entre eles acabam sendo uma troca de opiniões sinceras, de discussões inteligentes, e você nem precisa ler muito jornal para acompanhar as atualidades por aqui, eles se incumbem de te informar, (lembrando que isso eu falo levando em conta minha experiência pessoal, relacionado aos contatos pessoais que eu tive por aqui, sem generalizar, claro!)

Por outro lado, não consegui me acostumar com a forma de comemoração deles. Que não se pode negar, é bem diferente da alegre festa brasileira.

E nada como os quatro últimos anos novo passados aqui para confirmar o que estou dizendo. Ontem, estava fazendo na minha cabeça uma retrospectiva das minhas viradas de ano na França, e cheguei a conclusão que em todas elas faltava algo, e este algo ficará evidente assim que vocês lerem a descrição que faço abaixo.

A primeira comemoração que passei com eles confesso que já não gostei. Levamos horas para terminar o jantar, tanto, que não agüentava mais ficar sentada, sentia dores em todas as partes do corpo e não entendia o porque daquela imobilidade toda. Resumindo: comemoração sem graça.

No segundo ano, a mesma coisa, mas depois engatamos uma festa, que eu não consegui ficar mais de duas horas, sei lá, as musicas não me animavam, chato demais.
O terceiro Ano novo, Idem: a mesma tortura para mim.

E finalmente o quarto e último ano novo que passo aqui, antes de voltar definitivamente, não conseguiu mudar minha opinião. Mas neste eu tinha fé que fosse diferente, mesmo porque eu mudei muito de um ano pra cá, pois passei a ver muitos pontos positivos da cultura francesa que não via antes, e isso só foi possível quando eu mesma passei a notar que tinha virado um pouco “francesa”. (também posso explicar isso em outro post).

Mesmo assim, minha historia e minhas raízes permanecem mais fortes.

Como já disse a passagem do ano foi sem graça como as demais: primeiro, horas e horas para um aperitivo, e mais uma eternidade para o jantar. Pra vocês terem uma idéia, assim que passamos à mesa já fomos avisados que o jantar era composto de sete pratos diferentes, entre, entrada, prato principal, queijos e sobremesas. Só de ouvir já me deu preguiça, mas como disse, conservava ainda uma ínfima esperança.

Mas não! A cada entrada e prato tinha um intervalo de 40 minutos em que os convidados ficavam conversando na mesa, sentados, sem mexer um músculo sequer, apenas a boca e as mãos estavam soltas, uma para falar indefinidamente e a outra para levar a taça de vinho até a boca, afinal um bom vinho não pode faltar nesta comemoração!

Não posso contar pra vocês todo jantar, porque a Aninha aqui morreu no meio! Consegui comer as TRÊS entradas previstas, e o primeiro prato principal e no meio do intervalo entre eles, me dei conta que estava quase dormindo dentro do prato.
Então, levantei como uma “lady”, olhei aquele sofá acolhedor, com aquela almofada fofinha e deitei. Dormi uns 15 minutos e depois o casal, gentilmente, ofereceu a cama deles pra eu dormir. Sei que pode ter ficado chato, mas não conseguia mais, e eu acho que eles entenderam.

Dormi umas duas horas e meia e quando levantei percebi que eles tinham apenas terminado o jantar. Ufaaaa dessa eu me safei, pensei. Mas não, ai vieram as músicas sem graça, com ares de melancolia, nada festivo. Lembrei logo que no lugar poderiam colocar uma bossa, que também pode ser melancólico, mas feliz né? Poxa, até um pouco da melancolia brasileira que podia existir nas músicas me fazia falta nessa hora...

É por essas e outras, que ainda fico com o jeito de comemorar brasileiro, com a contagem regressiva que anuncia o ano novo, com a imensa alegria que sentimos em estar mais um ano entre amigos, entre abraços apertados, empolgados, felizes... E o que vem a seguir? Uma boa festa! que não deixa um sentado.

Os franceses que me perdoem, vocês podem ser bons em muitas coisas, mas festa boa mesmo continua sendo a brasileira! :-)

Feliz 2011 a todos!